Organização Social que administra Hospital de Santa Helena direciona contratos vultosos para empresa de protegidos sem licitação. Médico Wellington Carrijo é um dos envolvidos

A Polícia Civil de Goiás e o Ministério Público tem um desafio grande pra enfrentar na região sudoeste de Goiás. Trata-se de um bem montado esquema de contratos milionários feitos sem licitação de empresas médicas cujos proprietários são ligados a políticos de Rio Verde.

Tudo funciona como já visto na Operação Sinusal em que o Instituto Gennesis contratou empresas como a Amme Saúde, do médico Daniel Alexandrino, irmão do ex-secretário da Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino e que rendeu a prisão de Daniel e outros dois parceiros.

Em Rio Verde e Santa Helena acontece coisa idêntica: a Organização Social Ipgse, que administra o Hospital Estadual de Santa Helena contrata empresas parceiras que tem como donos médicos amigos dos poderosos através de contratos emergenciais com valores milionários e sem qualquer forma de licitação.

As empresas Renal Care e MedClin (nome de fantasia da empresa Castro Herenio e Cia Ltda) dominam a maioria dos contratos feitos no Hospital de Santa Helena. A primeira tem como sócios proprietários os médicos Guilherme do Vale Garcia e seu primo Lucas Martins do Vale, esse deputado estadual e filho do prefeito de Rio Verde Paulo do Vale. As duas receberam contratos emergenciais desde que a OS assumiu a administração do hospital e nunca precisaram passar pelo aperto de uma licitação.

A MedClin tem como sócio principal o médico Wallerson Castro Herenio e outros privilegiados, dentre eles Wellington Carrijo atual candidato a prefeito de Rio Verde pelo MDB. Mas, os médicos que atendem no Hospital de Santa Helena comentam que os verdadeiros donos da empresa são os primos Guilherme e Lucas do Vale, os mesmos donos da Renal Care.

No hospital de Santa Helena a Medclin tem em vigência mais de 5,8 milhões de contratos para 2024, fracionados em diversificadas formas de atuação, que variam de plantões no pronto socorro, atendimentos nos boxes de enfermaria e UTI, urgência e emergência em ortopedia e traumatologia e pediatria. Nenhum contrato passou pela dificuldade de fazer proposta, juntar documentação e atestado de capacidade nem mostrar disputa na licitação. Afinal Wallerson Castro Herenio é amigo de Wellington Carrijo e dos poderosos de Rio Verde.

O esquema que a Polícia Civil, a Secretaria Estadual de Saúde e o Ministério Público mostraram na Operação Sinusal, em que a empresa ligada a Daniel Alexandrino conseguiu contratos milionários sem licitação foi copiado para os contratos do Hospital de Santa Helena.
Quando o Ipgse assumiu a administração do Hospital de Santa Helena o então presidente, Eduardo Ribeiro, alertou para os contratos emergenciais com a Renal Care e com a Medclin, mostrando que eram muita concentração de dinheiro nas mãos de poucos amigos.
Eduardo, que foi afastado da presidência da OS por suas aventuras voluptuosas e pelas quais ficou conhecido pelo apelido de Touro Ferdinando, porque não há cerca que o detenha, lembrou após sua demissão do cargo que no dia em que a delegacia de polícia montada dentro da Secretaria de Saúde resolvesse passar a limpo as relações dessas empresas com o hospital o jogo iria ficar perigoso.

As advertências do ex-presidente ficaram mais sérias depois que a Operação Sinusal prendeu Daniel Alexandrino e outros dois e todo o foco da Polícia Civil com o Ministério Público se voltaram para os contratos milionários, emergenciais e direcionados. Se a polícia montada dentro da secretaria não sabe é porque passa recibo de ineficiência. Se sabe e não toma providência é conivente.